terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Morte


Afasta de mim esta mão
Que suavemente me afaga
Doce, esguia, macia
Deveras gelada

Leve distante esse toque
Pesado, pesares, dores molares

Mastiga este pão imerso
Em dores, horrores, tormentos
Que correm infinito deserto ‘in vitro’
Que marcam meu rosto com linhas
Nas beiras dos olhos marejados na dúvida

Toma esta mão sem calo algum
Que lidou branda na vida
Dividida, um dia que foi aquele
Antes de te saber

É agora a hora do meu dever
De ver, ver o que somente terei
Depois de cerrar os olhos
Pela última vez.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O ébrio e as luas


Cambaleia sob as duas
Cinzentas e reluzentes
Hoje cheias as luas
Onde antes todas foram ausentes

Estranhamente sente dor
Incólume.
Torpor de repente
Constante volume.

Tropeço
Arremesso
Espesso

E as luas pairam
Por sobre nuvens
Dilúvio etílico
Perfume demente
Apenas semente
De delirium tremens
Tremendas dores
Temendo odores
Horrendo ser
Na noite vagueia e cambaleia
E as luas pairam
Por sobre o bosque
Cheias as duas
Transbordantes de reflexo
Sonhando com apenas um acalento
Um amplexo
Que tenha sentido
Que um dia teve
Que um dia satisfeito
Que um dia apenas uma delas havia
E as noites eram escuras, os dias claros
E os prazeres não raros.

Ébrio,
Fétido,
Fausto e exausto
Repousa sem paz
Ao som da aurora
Nos dias de outrora
Onde havia apenas uma
A amada
Que hoje é apenas a lua dobrada