i am trying very hard to be here
(publicação original)
if i could absolve all of my desires,
exhale my longing like smoke,
i would cast off every guilty thought
with the ashes, and rise celestial
as a pale morning star, glimmer
and disappear.
de Rebecca Lawson
"(...)
And the punchlines point at you
And all the comebacks in the world are in your head
And you can't say them until everybody leaves
And it's just you and your imaginary friends
Your imaginary friends
Your imaginary friends
(...)"
Dresden Dolls em The Kill
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
outras reflexões (de Antonia van Haas)
de que me
serve ser uma pérola brilhante fechada dentro de uma ostra que sou eu mesma?
não há
brilho
não há
cor
não há
pérola
meu
brilho só existirá
se
exposto à luz
minha
beleza só resplandecerá
se houver
luz
eu só me
reconhecerei
se vier à
luz
Antonia van Haas
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Reflexões
Eu? Sinceramente não aprecio rimas
Talvez pela própria inabilidade em fazê-las
Se as fizesse seriam pobres, óbvias por certo
Combinar versos com teu nome e a palavra beleza
Seria simples e verdadeiro, claro como um feixe de luz
Renderiam versos caso enfileirasse alguns outros adjetivos
Mas o conforto do silêncio ao te olhar não rima com nada
Não é palavra, não resulta verso e nem certeza
Se desejasse rimar como Cesário, não seria eu
Se desejasse não rimar como Caeiro, não seria eu
Se eu rimasse, não seria eu
Possivelmente seria outro eu, adoecido pela razão
E tendo os olhos devorados pela escuridão
... e algumas citações
"(...)
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
(...)"
Alberto Caeiro em "O Guardador de Rebanhos"
"(...)
Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade,
pode chegar muito longe com isso, mas, sem dúvida estará confundindo
a terra com a água e um dia morrerá afogado.
(...)"
Herman Hesse em 'O lobo da estepe'
"The foolish reject what they see,
not what they think;
the wise reject what they think,
not what they see."
Huang Po
quarta-feira, 18 de junho de 2014
e feito Cruz e Souza II
vida sem sentido
o tempo rasteja
desperto em um sonho doloroso
nesta madrugada eterna
dentro de uma espiral onde ainda afundo
debaixo de uma vida sem sentido
imaginando o cheiro da morte
fingindo ainda estar vivo
mas não vivendo, realmente
o tempo está correndo
deslizando através da maturidade
secando a pele que recobre
uma porção de carne
que um dia vai feder
antes de alimentar vermes e larvas
que provavelmente ignorem
o fato de estarem vivos
o tempo rasteja
desperto em um sonho doloroso
nesta madrugada eterna
dentro de uma espiral onde ainda afundo
debaixo de uma vida sem sentido
imaginando o cheiro da morte
fingindo ainda estar vivo
mas não vivendo, realmente
o tempo está correndo
deslizando através da maturidade
secando a pele que recobre
uma porção de carne
que um dia vai feder
antes de alimentar vermes e larvas
que provavelmente ignorem
o fato de estarem vivos
uma releitura em 07/08/2015
o rastro do tempo é desespero
dum sonho danoso
vindo adentro noite afora
em espiral ainda fundo
sob a vida segue outra
pensando qual cheiro a morte tem
porém exalando vida
ainda que sem sentido ou fim
o tempo passa
escorre maturidade abaixo
secando pele e carne
que por fim vão feder
e servir de alimento a vermes e larvas
que provavelmente ignorem
o fato de estarem vivos
terça-feira, 27 de maio de 2014
Passagens de "O Lobo da Estepe" de Hermann Hesse (II)
"(...)
Lentamente, subimos, a escada
juntos, e ao chegarmos à porta de seu quarto, já com a chave na mão, olhou-me
de novo nos olhos, muito amavelmente, dizendo: — O senhor está vindo do
trabalho? É verdade que disso nada entendo; vivo um tanto à margem, o senhor
compreende... Mas creio que também lhe interessem os livros e coisas assim; sua
tia me disse que o senhor completou seus estudos e que era um bom estudante de
grego. Esta manhã encontrei uma frase em Novalis.. Permite-me que lha mostre? O
senhor também há de gostar de vê-la. Fez-me entrar no quarto, que recendia a
forte cheiro de fumo, tirou um livro de uma pilha deles, folheou-o, à procura.
— Esta aqui também é boa, muito boa — disse. — Veja só esta frase: "O
homem devia orgulhar-se da dor; toda dor é uma manifestação de nossa elevada
estirpe." Magnífico! Oitenta anos antes de Nietzsche! Mas não é esta a
passagem que eu pensava mostrar-lhe... Espere, aqui está. Ouça: "A maioria
dos homens não quer nadar antes que o possa fazer. '' Não é engraçado? Naturalmente,
não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E,
naturalmente, não querem pensar: foram criados para viver e não para pensar!
Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode
chegar muito longe com isso, mas, sem dúvida estará confundindo a terra com a
água e um dia morrerá afogado. Eu estava fascinado e cheio de interesse, e
fiquei mais um pouco em sua companhia; desde então passamos a falar-nos com freqüência
sempre que nos encontrávamos na escada ou na rua. Em tais ocasiões, a princípio
sempre tinha a impressão de que ele me ironizava. Mas tal não era. Tinha por
mim um verdadeiro respeito, da mesma forma como tinha pelo pinheirinho. Estava
tão convicto e consciente de seu isolamento, de seu andar sobre a água, do seu
desarraigamento, que era capaz de entusiasmar-se realmente e sem o menor
sarcasmo ao contemplar qualquer ato habitual da vida burguesa, como por exemplo
a pontualidade com que eu ia para o escritório ou uma expressão que ouvira por acaso
e algum mensageiro ou de um condutor de bonde. A princípio, isso me pareceu
ridículo e exagerado, a afetação de um senhor ocioso, um sentimentalismo
teatral. Mas, cada vez mais pude ver que, na realidade, nosso pequeno mundo
burguês era querido e admirado lá da distância de seu espaço vazio, da sua
estranheza e da sua condição de lobo, como algo distante e inatingível para
ele. como o lar e a paz, aos quais nenhum caminho o poderia levar. Tirava o
chapéu com todo o respeito diante de nossa empregada, uma excelente mulher, e
quando minha tia alguma vez mantinha conversação com ele ou chamava sua atenção
para a necessidade de qualquer reparo em sua roupa, algum botão que lhe caíra
do casaco, ele a ouvia com atenciosa consideração e interesse, como se fizesse
um esforço inaudito e desesperado para penetrar por uma fresta qualquer neste
nosso pequeno mundo pacífico e ter ali sua morada, ainda que fosse por um
momento apenas.
(...)"
em O Lobo da Estepe de Hermann Hesse
terça-feira, 8 de abril de 2014
Devoção
E observando
aqueles homens despedirem-se após a breve visita, fiquei imaginando qual seria
a relação entre eles. Um bem mais velho que o outro, e este mais velho
percebia-se que era judiado, mal tratado pela vida. Apesar do respeito
demonstrado a ele, o mais novo não aparentava ser do mesmo sangue. Ao mau trato
da vida me refiro ao corpo, à carne, não um sofrimento emocional, já que tinha
o semblante sem uma superfície triste e sem traços de peso em consciência.
Tinha por certo uma expressão de que havia muito por fazer ainda.
Os
infortúnios mencionados, provavelmente deveriam ser por conta de algum acidente
ou doença. A ele já não pertencia mais um dos braços, uma das pernas mais era
um estorvo do que perna, e a mão que lhe restou para apoiar-se na bengala de
osso era medonha. Eu a vi sem a luva preta que a escondia, havia tirado-a para
mostrar algo ao outro homem. Sobraram-lhe apenas dois dos artelhos: o mínimo e
o opositor, os cotocos dos outros três eram nojentos, mas mesmo assim posso afirmar
que ele por si só não se envergonhava disso, em seu rosto não se manifestava a
vergonha.
Restou-me
apenas elucubrar a respeito de quem seriam, de que maneira tornou-se naquela
figura atraentemente bizarra. Via-se que era firme e dedicado, afinal, com toda
sua dificuldade física liderou e labutou na construção da gruta de oração do
asilo. Imagino eu que com todo ânimo e devoção deve ter sido diácono ou até
mesmo um padre que acabou desordenado (não sei dizer e nem vou me informar a
respeito de ’desordenar-se’ um padre) e o outro homem um pupilo de outros
tempos. Sabe-se lá! e sabe-se cá, é que
eu devo me aproximar de um homem sem um braço, sem três dedos da mão do braço
que restou, que anda apoiado numa
bengala e que arrasta uma perna e que conduziu uma obra de uma gruta para
colocar esta santa de gesso que eu só vim para entregar.
Talvez ele
seja mais vivo e feliz do que eu, que nem acredito em santa nenhuma e entrego
santos de gesso, que não faço gruta, mas imagino coisas, que tenho um corpo
perfeito, mas uma voz sem som algum.
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Feira livre
Depois de quase tropeçar numa caixa de mexericas
deixada em frente àquela barraca de frutas é que se deu por conta de onde
estava. Por um momento perdeu-se completamente entre as teias de seus
pensamentos, estas que cuidadosamente eram tecidas fazendo uso de apenas uma
matéria prima: ressentimento. E no eterno reviver das mágoas passadas
alimentava e realimentava a mesma sensação por anos a fio. Talvez se tivesse
tropeçado até amaldiçoaria as estufas que produzem frutos fora de época;
durante essa época do ano não tem mexerica no pé! Apesar da sensação do
estômago embrulhado, que sempre aparecia revivendo tais situações, sentia-se
satisfatoriamente bem e em posse de um humor que já estava morno, aquecido pelo
sol que começara a aparecer logo que pisou no comecinho da feira de rua em que
estava. Sempre reconheceu e admitiu que seu humor ao acordar é dos piores, tal
e qual um iceberg, vê-se sua ponta no semblante, mas na realidade, a parte
maior encontra-se escondida; nas palavras nunca ditas, nos diálogos evitados,
nos olhares desviados e nos bom-dias nunca ditos.
Com bastante jeito perguntou ao feirante se seria
incômodo afastar um pouco aquela caixa, pois alguém poderia tropeçar.
--Empurra aí! fica a vontade que eu tô atendendo a
dona aqui.
Sua reação foi apenas olhar e sair andando sem dizer
ou fazer nada. Por milésimos de um segundo pensou em voltar e despejar o
conteúdo da caixa no chão e retirá-la do caminho, já que detesta levantar peso,
assim, a caixa ficaria levinha e poderia ser tirada facilmente. Mas não fez,
provavelmente haveria encrenca e seu humor já estava quase em um nível
razoável. “Muito pouco pra prolongar o humor negativo até mais tarde! As cascas
destas frutas valem mais do que quem as vende.”
E voltando a seu passeio matinal questionou-se por
qual motivo não mudava de rua, já que naquele dia da semana a feira livre
estava bem no seu caminho tradicional diário. Mas este assunto não é importante
no dia de hoje, o diálogo fictício com o dono daquela banca, ou funcionário
talvez, naquele instante seria mais relevante. Aliás, a feira dava um tom
variado ao cinza de seu dia, inclusive introduzir pensamentos novos
desagradáveis para entrarem no lugar dos velhos desagradáveis que já nem tão
desagradáveis estavam... já tinha até um apego por este ou aquele outro. Seu
mais querido de todos era com o da secretária do colega de gerência. Já havia
uns três meses que ela, sua saia justa, seu traseiro admirável e falta de
educação disfarçadamente furavam a fila da máquina de café.
--Adoro caputino! Ainda bem que o pessoal deixa livre
o café, o chá com limão e o caputino.
“Que conversa fiada dessa mulher! Ninguém falou nada a
respeito de propósito. A turma fica atrás só de olho nos atributos dela. Um dia
eu mando ela voltar para o final da fila, afinal de contas já não sou mais
officeboy ou auxiliar, o tempo passou e a fila andou, não sou mais moleque de
olhar bunda de secretária em fila de máquina de café.” E como ele adorava
passar e repassar, revisar cada detalhe do fato meticulosa e cuidadosamente.
Algumas vezes fantasiava um pouco a respeito da cor da roupa de baixo da
mulher, mas por pouco tempo, para que sua atenção não se desviasse do interesse
primordial.
E agora foi uma topada com um senhor que se virou
rapidamente em frente à banca de peixe sem prestar a devida atenção ao fluxo de
transeuntes. O mais estranho é que no momento ainda pensava nas roupas de baixo
da secretária, de um rosa meio alaranjado, parecido com a cor do filé de salmão
da banca. Esses detalhes todos acabaram por produzir um efeito indesejado, o
odor da banca misturou-se a sua imaginação e nunca mais olharia com a inadmitida
satisfação que olhava para frente na fila de café.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Isabelle
Não é o mesmo vermelho que se vê ao por do sol
Nem tampouco o que se vê num lençol
após a
primeira noite da donzela
Não é o mesmo dourado do cabelo daquela menina
E não é mesmo o dourado que enfeita as mãos dos reis
dos
príncipes ou a de um nobre que seja
Não é o mesmo azul que se vê em alguns sonhos
Nem tampouco aquele que se via no entorno da íris
da surpreendente
Isabelle, tão lindo e puro
Não é o mesmo negro que se via durante a noite
E não é mesmo o negro que devora qualquer cor
qualquer
olhar ou um desejo que seja
Já não mais se mantém o branco da pureza
Pois não há mais a noção, mesmo que vaga
de como
um dia foi a tez da menina
Já não mais a querem, já não mais a vêem
Pois o que de precioso tinha lhe fora tirado
cruelmente,
rudemente e finalmente
Já não se sabe mais por aonde irá Isabelle
Mas em meus sonhos brinca com Annabel
ambas
na praia com o vento a cantar
Sobre a palidez de suas belezas e proezas
A correrem dançando e rodopiando ao som
de um mar revolto e calmo e calmo e revolto
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Um pouco de FLORBELA ESPANCA
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
______________________________________________________________________________
O nosso mundo
Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor?... As nossas bocas juntas!...
______________________________________________________________________________
Languidez
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...
domingo, 5 de janeiro de 2014
LOU REED IS DEAD
One day I sat down listening
To one of your songs
Just waiting for the man to come
And then in the other day
I refused to go onboard that ship
Cap didn't seem very well to lead me somewhere
Some years had gone
Some new songs had come
Some new exciting feelings too
One day I got up to go to the zoo
But there were warnings
"Do not feed the animals"
I don't mind, I don't care
Certainly it was a lovely day
Spending with your records in my ears
The other day I saw my face
And hated myself, I've wished
I was someone else, a better person
Someone good, like I always thought you were
But as dreams come true
Nightmares does too
I would really apreciate
If you had an imortal body
To never listen what I have listened
On that sunday evening...
Lou is gone
To one of your songs
Just waiting for the man to come
And then in the other day
I refused to go onboard that ship
Cap didn't seem very well to lead me somewhere
Some years had gone
Some new songs had come
Some new exciting feelings too
One day I got up to go to the zoo
But there were warnings
"Do not feed the animals"
I don't mind, I don't care
Certainly it was a lovely day
Spending with your records in my ears
The other day I saw my face
And hated myself, I've wished
I was someone else, a better person
Someone good, like I always thought you were
But as dreams come true
Nightmares does too
I would really apreciate
If you had an imortal body
To never listen what I have listened
On that sunday evening...
Lou is gone
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