quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Um pouco de FLORBELA ESPANCA

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito! 

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
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O nosso mundo

Que importa o mundo e as ilusões defuntas?... 
Que importa o mundo seus orgulhos vãos?... 
O mundo, Amor?... As nossas bocas juntas!...

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Languidez

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas, 
Que poisam sobre duas violetas, 
Asas leves cansadas de voar... 

E a minha boca tem uns beijos mudos... 
E as minhas mãos, uns pálidos veludos, 
Traçam gestos de sonho pelo ar...

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