sentar-me à soleira da porta e pensar apenas,
sou o resto de um mau sonho da noite
escrever sobre isso e sentir-me um palhaço.
bem como o pequeno Milton disse:
"poetas e pintores são bufões que projetam
sombras sobre a água."
num silêncio terno e perturbador ao mesmo tempo
rodeado das lamentações e dores que me fizeram amadurecer
repousa minha resignação, ou pelo menos um arremedo
de aceitação daquilo que fui.
as folhas que caem e apodrecerão
que irão se tornam inúteis à árvore, porém úteis ao solo
forram também a superfície desta água mansa
onde projetam-se as sombras e perduram as mazelas.
de tempos em tempos a água seca
as gotas mínguam ou pingam lentas a miúde
as sombras se travestem em penumbras
o triste bufão se despe de si e da falsa alegria
nu, ao lado de um curso d'água estio que finda num lago seco
que por fim dá esteio ao fim sem nenhum meio
sombras, mazelas, dores, folhas...
enfim as flores!
as coroas e o punhado de terra.
o solo
a falta de sol
enfim só
e de sólido só o resto, do pó ao pó...
"(...)
And the punchlines point at you
And all the comebacks in the world are in your head
And you can't say them until everybody leaves
And it's just you and your imaginary friends
Your imaginary friends
Your imaginary friends
(...)"
Dresden Dolls em The Kill
sábado, 24 de dezembro de 2016
sábado, 27 de fevereiro de 2016
pérolas aos pou(r)cos
De início pensei que fosse...
Paciente atirei pérolas aos poucos,
Num entremeio tirei meus olhos...
Impaciente joguei-os ao chão.
Meus olhos ao chão,
As pérolas foscas,
A menina era tosca.
E as pérolas?
Ficaram para os porcos...
Paciente atirei pérolas aos poucos,
Num entremeio tirei meus olhos...
Impaciente joguei-os ao chão.
Meus olhos ao chão,
As pérolas foscas,
A menina era tosca.
E as pérolas?
Ficaram para os porcos...
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