Mover-me portas a
dentro
A convite de um poema
Encorajar-me nos
pensamentos
Aceitar a falta de um
tema
Tremores impedem ação
Temores repelem reação
Abra-se dicionário
Desmanchem-se rimas
Açoito uma folha ao
ponto de marcá-la
Tão profundamente
quanto o tamanho da revolta
Circundo-me louco
Como um cão danado
A correr, dando voltas
Em torno do próprio
rabo
Fechem-se livros
Que não lerei mais
nada
Quebrem-se penas
Que não escreverei
palavras
Cuspirei letras sobre
superfícies brancas
Explodirei minha alma
Para que se derrame em
chamas
E arda as mãos de quem
queira alterar-me
Seja eu, uma oração
Sequer uma vírgula
Meto-me portas afora
Monto o cavalo de
Álvaro
Que me conduz
freneticamente
Ao lugar em que desejo
estar
Onde certamente não
sou um universo pensante
Mas vivo em carne osso
No efeito das letras
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