Parece-me estranho escrever o verso profundo
Que em ti chegue tão forte quanto o toque de teus lábios
Despertando em mim o silêncio do verso perfeito.
it seems strange to me writing the perfect verse
which reaches you out as deep as the touch of your lips
awakening in me the silence of the perfect verse
"(...)
And the punchlines point at you
And all the comebacks in the world are in your head
And you can't say them until everybody leaves
And it's just you and your imaginary friends
Your imaginary friends
Your imaginary friends
(...)"
Dresden Dolls em The Kill
sábado, 25 de agosto de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Os sonhos e o vento
De qualquer forma o
vento sopra
Revelam-se então teus
traços perfeitos
Coincidentes com meus
desejos imperfeitos
De qualquer forma o
vento passa
Revelam-se porem poeira
e areia deixadas
Na estrada dos sonhos
sem fim
De qualquer forma o
vento derruba
Revelam-se então
árvores sem folhas
Todas ao lado dos
desejos e sonhos
Deixados caídos e não
vividos
terça-feira, 21 de agosto de 2012
De olhos fechados
Que coisas encontrem meus olhos
Abro as mãos na esperança de um toque
Que se conecte aos meus anseios
Fecho os braços e agarro o vazio
sábado, 11 de agosto de 2012
Uma outra canção de amor
Quero arrancar-te
gemidos
Suaves, melódicos e
constantes
Aos meus criteriosos
ouvidos
Que sejam todos
tocantes
Aprofundem-se até o
coração
Sutil e compassadamente
Soando como uma canção
Tocando-o sempre,
eternamente.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Talvez nem queira ser
Talvez fosse poeta
Se fingisse sentir dor
A dor que deveras sinto
Talvez seja poeta
Pois não sinto a dor
Que deveras minto
Talvez serei poeta
Quando parar de sentir
E de fingir que escrevo
O que minto
Que sinto
Muito
Escrevendo sobre o que penso
Que sei ou não
Que sinto ou omito
Talvez nunca serei poeta
Enquanto em mim restar ferida aberta
Talvez nem queira o ser
Basta-me sentir...
O que sou?
Só escrevinhador.
Seja de dor
De amor
De fingimento
O que for.
Deveras, pouco me importa!
domingo, 5 de agosto de 2012
O corvo do abismo
Esta noite
deparei-me novamente
Com a
fronteira, com o abismo.
O lugar onde perambulam fadas
E garotas pálidas de aparência fantasmagórica.
Não havia
maritacas barulhentas,
Aquelas
que nunca se calam..
Mas uma
ave dita de mau agouro assentou-se próximo
E em
silêncio me olhou como se fizesse um convite
'Um
sobrevoo por sobre o abismo?'
Seus olhos
proferiam palavras mudas,
Ecoavam em
meu interior.
Um
sentimento de negação,
Do saber
que não deveria, conteve-me
Num
instante se formou nítida a imagem
A ave
negra finalmente me encarou e disse :
'A ti não
houve Lenora
E hoje
aprecias a aurora
Levanta-te
logo cedo
Em preces
que te abafam o medo
Não te
houve Lenora
Porém
sentiste e choraste a partida
Buscando
inutilmente a calma
Tentaste a
cura lambendo a própria ferida
Mas a
saliva não lava a alma
Não te
estendo as mãos porque não tenho
Não te
ofereço uma asa pois ambas me são necessárias
Aproxima-te
então e pula comigo
Abandona
tudo e encara o abismo
Mas
te lembres que não tens asas
E que não
voltarás para casa
E tampouco
verás aquela que para ti
Foi como
Lenora
Não terás
mais a dor da lembrança
O
sentimento de vazio da desesperança
Conceda-me
esta última dança
Mas
lembra-te: logo após, nada mais, nunca mais.'
E a ave prostrou-se diante do abismo
Virou-se
para trás e fitou-me brevemente
Sem
insistir, emudeceu e alçou voo sozinha
Virei-me
para os lados
Percebi
que não mais havia ali
Fadas ou
garotas pálidas
Quando me
voltei para ver o corvo
Não havia
ali nem corvo ou abismo
Apenas um
horizonte árido e um fio d'água
Acompanhados
de um gralhar constante em meus ouvidos:
'Nunca
mais!
Nunca
mais!'
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