Enquanto passavas
Enquanto
por mim passavas
Distraída,
eu quase inexistente
Aos teus
lindos olhos de cor comum
Castanhos
e sóbrios por de trás das lentes
Em tudo
me concentrava
No poema
de Cesário e no som ritmado
De teu
caminhar elegante, tranqüilo
E de uma
sutileza infinitamente distante
De um
andar insinuante.
Queixo
elevado, sem nariz empinado
Postura
tida em auto-estima
Sem
soberba alguma
Tudo isso
te misturou à Milady
Dos Deslumbramentos
de Cesário
Eu, não
vejo perigo em contemplar-te
Já que
não impões toilettes complicadas
E nem gestos de neve ou metal
Mas tudo o que lia
Enquanto passavas
Vestiu-se como luva
Ao momento e à minha admiração
Fala-me de teus defeitos
Não sejas a perfeição que vejo
Tropeça ao menos uma vez
Para que possa me fazer de cordial
E te estender em arremedada gentileza
Minha trêmula mão que quer tocar
O que mais me seduz em teu corpo
Tuas delicadas mãos, que têm
Mais elogios do que dedos.
Nelas não há sequer um engano
São a beleza em carne e osso
E em ti, sempre um segredo
Guardado nestas mãos,
Tuas mãos
Que enquanto passavas
Nem sequer me tocaram,
Mas me
encantaram.
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